Testemunhos

 
Catarina Tubal
Catarina Tubal
Catarina Tubal 
Finalista 2018/19
  • Finalista 2018/19
  • 23 anos
  • Enfermeira no Instituto Português de Oncologia de Lisboa (IPO).
  • “Tive momentos (no último estágio) em que duvidei de mim, quis sair sem explicar porquê, mas a gestão entre o trabalho pessoal (...), a confiança da professora orientadora no meu percurso, as catarses mais ferventes após cada turno com amigas e o reforço sobre o meu propósito…valeram-me a finalização do curso com sucesso”.

 

Qual a representação social da ESEL que percecionaste quando integraste a atividade profissional?
Nem sempre a ESEL era bem vista ao lado de outras concorrentes, por não colocar os estudantes na prática hospitalar logo nos primeiros 2 anos. Contudo, também ouvi testemunhos de profissionais que enalteceram o equilíbrio de aprendizagem e brio profissional dos eselianos.

Nalgum ponto, que é o final acredito que todos nos cruzamos. Desejava ter tido uma experiência mais precoce de estágio, mas adorei fazer o percurso tal como surgiu para mim. De um modo geral e por tudo o que fui escutando, aprendi a confiar na preparação que a ESEL me deu.
Sempre quiseste ser Enfermeira? Ou, se tiveste dúvidas, o que fizeste na altura?

Enfermagem não foi sempre o que desejei escolher. Nutria alguma curiosidade pela profissão, mas vivia amedrontada pelo que o campo da saúde me pudesse revelar sobre a minha própria saúde. A ideia surgiu no 11º ano a par de psicologia e envolvida na perda significativa da minha avó. Na altura, sabia apenas que queria estar perto de todos os que se sentissem mais fragilizados e dar o meu apoio. No dia da candidatura escolhi de esguelha, entre o receio e o entusiasmo… enfermagem. Hoje é a profissão que me traz a realização máxima que julguei nunca alcançar.

Um percurso académico torna-se valioso quando o realizamos com tudo aquilo que somos naquele momento. Desviarmo-nos dele também pode fazer parte, nem que seja para nos relembrar por que estamos ali e o que queremos fazer com isso. Aprendi a confiar que, em qualquer lugar, haverá alguém que, se me sentir descrente, me irá mostrar que ainda existem “mais flores no meu jardim”. Essa pessoa posso ser eu, pode ser a senhora das limpezas que prepara o terreno para poder trabalhar, um doente, um familiar, um colega de trabalho ou um segurança…
Eu estou aqui e ter duvidado do meu percurso, também me levou a finalizá-lo!

Qual foi a situação em contexto de estágio que tiveste mais dificuldade em superar e que estratégias e recursos usaste na altura?

O maior desafio de todos foi a escolha e a própria vivência do estágio final, que acabei por realizar em contexto de urgência. Tive momentos em que duvidei de mim, quis sair sem explicar porquê, mas a gestão entre o trabalho pessoal que tinha feito e que ainda continuava a fazer, a confiança da professora orientadora no meu percurso, as catarses mais ferventes após cada turno com amigas e o reforço sobre o meu propósito…valeram-me a finalização do curso com sucesso. Deste último estágio trouxe comigo aquilo que não queria ser enquanto enfermeira, a defender-me e a confiar na minha palavra, a realizar aquilo que me fizesse sentido, a ter compaixão pela vivência de cada profissional e a gerir os conflitos que, em qualquer lugar vão surgir, mas também, em determinado momento, vão ser ultrapassados.

Viveste alguma situação mais gratificante em contexto de estágio que te fez sentir que a Enfermagem era o teu caminho?

Em contexto clínico tive experiências muito positivas que foram também deitando por terra alguns discursos desmotivantes de enfermeiros descrentes da sua profissão. Escutar: “olha que ainda vais a tempo de desistir de enfermagem, isto não é vida…”. deixava-me ainda com mais vontade de fazer o contrário e manter-me lá… cheia de medo, mas lá. Os enfermeiros que mais guardo com carinho foram aqueles que me ensinaram a olhar por mim e a perceber que “numa passagem de turno, estar sentado é um direito igual ao de todos os presentes”. 

Das experiências mais positivas guardei o cuidar com o coração, com tempo e disponibilidade, a respeitar a vontade das pessoas de quem cuido e com quem trabalho,  a ser parceira e a não ficar perdida na competição do pódio, a trabalhar em equipa, a saber pedir ajuda quando não consigo fazer um procedimento e… a parar para beber água porque também tenho direito de estar no meu melhor quando cuido.

Qual a melhor recordação que tens da vida académica na escola e qual o maior desafio que tiveste que superar?

Já em contexto profissional e entre o núcleo de amigos mais próximos recordo a ESEL como um lugar muito especial, um lugar de encontros e desencontros, por onde o meu caminho foi realizado. Por vezes, tive necessidade de reformular o(s) significado(s) que atribuía a alguns acontecimentos de acordo com a realidade que havia sido mascarada pelo medo, insegurança e expetativas que ia edificando à volta da perfeição (que aprendi que não existe!). Um livro que pautou o meu percurso e ao qual tive necessidade de recorrer intitula-se “A coragem de ser imperfeito” e é da autoria de Brené Brown.

A maior descoberta e também a mais longa daquele que seria o meu propósito mais profundo ainda como estudante de enfermagem começou quando me sentia frequentemente desconfortável e angustiada no 1º ano de faculdade. Hoje, fico muito feliz pela coragem que me levou a expor gradualmente o que sentia à profissional que tinha a certeza que me iria acolher no GAPE, a psicóloga clínica e também professora Helga Pedro. Outro lugar que guardo com carinho é o posto de vigília, de grande humor e atenção onde se encontra o Sr. Jorge, um dos seguranças da faculdade que será sempre o rosto de entrada e saída da ESEL.

Qual consideras ter sido o critério que mais foi tido em conta para teres sido admitido no teu local de trabalho?

Numa entrevista de emprego a metodologia de ensino não tem o peso que senti inicialmente. A nota final também não me deu passaporte secreto para entrar no primeiro trabalho. No meu contexto quiseram antes saber mais sobre mim, sobre as minhas experiências de estágio e o que também fazia nos tempos livres. No local a que me candidatei senti que contou muito a própria necessidade da instituição de recrutar enfermeiros…mas no final lembro-me que disse para mim “obrigada por me cederem o lugar de ficar”.

Terminei o curso de enfermagem a 26/7/2019 e, precisamente um mês depois, tive a possibilidade de escolher o meu primeiro emprego. Sou enfermeira no serviço de internamento de Cirurgia Cabeça e Pescoço, Otorrinolaringologia e Endocrinologia, no Instituto Português de Oncologia de Lisboa (IPO), aquele que ainda hoje mantenho com grande estima e gratidão. 

Agora que és Enfermeira qual é o teu maior propósito?

Pela experiência, pelo que fui dando, mas também recebendo acredito que “nada acontece por acaso” e agora é um dos meus lemas de bolso, que surge se estiver em silêncio, em contexto de trabalho numa situação inesperada e desconhecida, mas também entre sorrisos e encontros profundamente significativos que me dão oportunidade de agradecer a confiança que em cada momento depositam em mim.

O meu maior propósito é não deixar que alguém se sinta sozinho. A doença pode assustar, mas a solidão na doença é um sofrimento demasiado profundo que ninguém tem que suportar sozinho. Todos fazemos parte de um percurso e uma mão que aperta, também recebe aperto! A enfermagem é um aconchego mútuo que é difícil expressar.  

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Sara Ribeiro
Sara Ribeiro
Sara Ribeiro 
Finalista 2018/19
  • Finalista 2018/19
  • 24 anos
  • Enfermeira Coordenadora, Associação Casapiana de Solidariedade, Residência para Idosos
  • “(...) Depois de esclarecê-la, noto-a a ler cuidadosamente o meu cartão de identificação. Então, surpreendida, pergunta-me: “Estudante?! Nunca diria. Comporta-se como uma verdadeira enfermeira.” – o diploma tornou-o oficial, mas foi nesta interação no meu último estágio que o baque se deu em mim.”


Um livro: Histórias de Vida de Uma Enfermeira
Um hobby: Ler
Um prato: Filetes de polvo com arroz do mesmo
Um acontecimento simples que o/a faça sorrir: Causar um sorriso no outro
Um momento: Quando a minha afilhada disse o meu nome pela 1ª vez
Um lugar: Lagoa do Congro, São Miguel
Um lema: Não podemos controlar o que nos acontece, mas podemos como controlar a forma como reagimos aos acontecimentos
A ESEL para mim é: O berço onde nasci enquanto enfermeira e ao qual pretendo, um dia, regressar

Que visão tinhas do que era ser Enfermeira quando começaste a estudar Enfermagem e qual a que tens agora como profissional no ativo? 

Antes: Alguém que ajuda a pessoa doente.
Agora: Alguém que ajuda a pessoa no seu todo.
 

Sempre quiseste ser Enfermeira? Ou, se tiveste dúvidas, o que fizeste na altura?
 

Não quis ser enfermeira desde sempre. Quando terminei o 12.º ano sabia duas coisas: queria trabalhar em algo ligado à Ciência, mas com ênfase na Relação Humana. Por isso, a área da Saúde surgiu como aliciante. Já a desconfiar de Enfermagem, cruzou-se no meu caminho uma estudante do curso do último ano – o testemunho dela foi o empurrão que precisava.
 

Qual foi para ti a maior diferença entre ser estudante de enfermagem em estágio e ser enfermeira enquanto profissional?
 
A Independência. Com tudo o que isso acarreta: o entusiasmo de ser Enfermeira e o peso da responsabilidade.

Enquanto recém-licenciada o que mais te assustou quando chegaste ao teu serviço e aquilo que mais te surpreendeu?

O que mais me assustou: em poucos meses, fui convidada para coordenar a equipa e fazê-la crescer não só em número como também na qualidade dos cuidados prestados.
O que mais me surpreendeu: o espírito de equipa, de enfermagem e multidisciplinar, todos se ajudam no que seja preciso, desdobramo-nos em várias facetas com o mesmo propósito – cuidar dos residentes.
 

Qual a representação social da ESEL que percecionaste quando integraste a atividade profissional?

ESEL, enquanto escola de renome, reconhecida.
 

Qual a reação dos colegas do serviço face à integração de um enfermeiro formado na ESEL na equipa?

Abertura, disponibilidade e curiosidade em saber o que eu trazia de novo, visto que se tratavam de elementos mais velhos do que eu.

Em que aspetos achas que a ESEL te preparou melhor para a tua vida profissional? 

A ESEL preparou-me muito bem para a componente relacional da nossa profissão. Em todas as unidades curriculares, nos trabalhos que apresentássemos, nas discussões que tivéssemos, dificilmente a relação humana não estava presente. 

  • Qual a melhor recordação que tens da vida académica na escola e qual o maior desafio que tiveste que superar?
  • Melhor recordação da vida académica: o dia em que recebi o diploma, o culminar de 4 anos no alcance do objetivo principal.
  • Maior desafio que tive de superar: dois dos meus estágios, nos quais os enfermeiros orientadores fizeram tremer a minha vontade em seguir com o curso. Ser enfermeiro orientador deveria requerer competência pedagógica reconhecida. Não requerendo, faz com que qualquer colega possa ficar responsável por mostrar ao estudante o que é a vida profissional. É aí que entra o desafio para o estudante: não pode escolher o seu enfermeiro, mas pode escolher como reage a ele. Mantenham o foco no vosso objetivo.

Viveste alguma situação mais gratificante em contexto de estágio que te fez sentir que a Enfermagem era o teu caminho? 

IPO, Lisboa. Turno da tarde. Uma senhora toca a campainha. Tinha uma dúvida sobre a quimioterapia que estava a fazer. Depois de esclarecê-la, noto-a a ler cuidadosamente o meu cartão de identificação. Então, surpreendida, pergunta-me: “Estudante?! Nunca diria. Comporta-se como uma verdadeira enfermeira.” – o diploma tornou-o oficial, mas foi nesta interação no meu último estágio que o baque se deu em mim.
 

  • Qual foi a situação em contexto de estágio que tiveste mais dificuldade em superar e que estratégias e recursos usaste na altura?
  • Estive um turno inteiro a prestar cuidados a um menino, com cerca de 6 anos. A situação era delicada, pelo que passei muito tempo no seu quarto, a interagir bastante com ele e, sobretudo, com os pais. Mesmo no fim do turno, foi necessário administrar terapêutica endovenosa – nesse momento já era necessária não só a minha presença, como também a da enfermeira orientadora. Atrapalhei-me com o sistema de soro, e então a enfermeira começa a dizer: “Como é que não consegues?! Parece impossível! Tu às vezes não pensas, sinceramente!”.
  • A humilhação diante da família com quem tinha passado as últimas horas a tentar estabelecer uma relação de confiança foi uma situação muito difícil que tive de superar em contexto de estágio.
  • Mantive-me calada até terminar de administrar a terapêutica. Respirei fundo e esforcei-me por aparentar uma postura serena. Já fora do quarto, disse à enfermeira: “Para a próxima vou fazer melhor.”. Não me lembro o que me respondeu ao certo, mas com certeza algo pouco simpático como era o seu hábito. Com as mãos a tremer e a sentir-me perdida, só me apetecia fugir. Avisei que ia à casa de banho e demorei o tempo que precisei. Chorei o que me apetecia, lavei a cara, respirei fundo e sempre a pensar: “boa, mais um turno perto do fim.”.
Tinhas algum método de estudo que tenhas considerado eficaz? 

Elaboração de apontamentos, dando primazia às listas e às mnemónicas. Para algumas matérias, fazer cartões com a pergunta e a resposta, permitindo que alguém que não fosse da área me ajudasse a estudar, também foi eficaz.
 

O que funcionou contigo para seres bem-sucedida?

Os métodos de estudo ajudaram, mas a vontade em ser Enfermeira foi o que me manteve firme. 
 

Qual consideras ter sido o critério que mais foi tido em conta para teres sido admitido no teu local de trabalho?

A ânsia em levar para a prática a Enfermagem que aprendi na escola, que às vezes fica esquecida em alguns locais.
 

  • Agora que és Enfermeiro/a qual é o teu maior propósito? 
  • Ajudar os mais velhos a encontrarem o seu.
  • Trabalhando em contexto de lar, com a população idosa, constato de perto os desafios que o envelhecimento traz e a facilidade com que nos pode tirar o sentido da vida.

Estás envolvido/a nalgum projeto que gostasses de partilhar? 

Atualmente, estou em fase de planeamento, com um colega, num projeto para a prestação de cuidados de enfermagem ao domicílio.

Uma mensagem que gostasses de deixar aos estudantes da ESEL

É disto que gostam?
Procurem testemunhos, façam voluntariado em locais de prestação de cuidados, clarifiquem na vossa cabeça se é isto que querem realmente, se é ser Enfermeiro aquilo que vos preenche.
É uma profissão tão desafiante que só aguenta quem tiver amor à camisola. Além disso, é uma profissão multifacetada: diferentes contextos, implicam trabalho diferente. Só porque não gostam de um, por exemplo, o contexto hospitalar, não significa de todo, que não queiram ser Enfermeiros. 
Encontrem a vossa certeza e, aí, ninguém vos para!

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Cristina Boim
Cristina Boim
Cristina Boim
Finalista Julho de 2019

Cristina Boim
Finalista Julho de 2019

47 anos
Enfermeira, Casa de Saúde da Idanha, Unidade de Psicogeriatria

“Quando terminei o ensino secundário, candidatei-me a Enfermagem, mas não fui colocada (...) ingressei no Curso de Licenciatura em Enfermagem, ao abrigo do Programa Maiores de 23, aos 42 anos de idade.“

 

Sempre quiseste ser Enfermeira? Ou, se tiveste dúvidas, o que fizeste na altura? 

O meu percurso académico foi um pouco atípico pois ingressei no Curso de Licenciatura em Enfermagem, ao abrigo do programa “Maiores de 23”, aos 42 anos de idade. 
Quando terminei o ensino secundário, candidatei-me a Enfermagem, mas não fui colocada. Por esse motivo, optei por outro rumo profissional durante cerca de 20 anos.
Em 2011, deparei-me com a situação de desemprego, mas por acreditar que nas adversidades também surgem oportunidades, decidi iniciar projetos pessoais que ainda não tinha tido oportunidade de desenvolver. Participei em diversos projetos de voluntariado, sempre na área de apoio à população mais envelhecida. Durante este período, frequentei o Curso de Auxiliar de Geriatria, tendo estagiado e trabalhado na área da saúde mental, nomeadamente, no cuidado da pessoa com Doença de Alzheimer.
Por sentir que o que me realizava, pessoal e profissionalmente, era o estabelecimento de relações com o Outro, a identificação das suas necessidades e colmatá-las, decidi continuar a investir na minha formação e candidatar-me à Licenciatura em Enfermagem, em 2015. A 21 de setembro de 2015, iniciei o meu percurso académico na ESEL!

Qual foi a situação em contexto de estágio que tiveste mais dificuldade em superar e que estratégias e recursos usaste na altura?

Perante a diversidade de contextos de estágio considero que o estágio que realizei numa Unidade de Cuidados Paliativos, apesar de extremamente gratificante, foi o mais exigente, emocionalmente.  
Como estratégia de apoio emocional partilhava, no final de cada turno, com a minha colega de curso o que tínhamos vivenciado e, durante aquelas semanas, foi essencial termos aqueles momentos de reflexão e amparo mútuo.
 

Qual a melhor recordação que tens da vida académica na escola e qual o maior desafio que tiveste que superar?

Passou num “instante”, após muitas horas de estudo, frequências, exames, reflexões, apresentações de trabalhos e estágios, chega o dia 26 de julho de 2019, o Dia da Formatura do CLE 2015/2019!
Este dia representou o reconhecimento do meu esforço, assim como, um profundo agradecimento a todos os que me acompanharam durante este percurso, em que o grande desafio foi conciliar a vida familiar e social com a vida académica.
 

Qual foi para ti a maior diferença entre ser estudante de enfermagem em estágio e ser enfermeiro/a enquanto profissional?

Após a conclusão da Licenciatura iniciei a minha atividade profissional no local onde tinha realizado o meu último estágio curricular e o que mais me preocupava era pensar que já não teria a “rede de apoio” de um Enfermeiro Orientador, no entanto, a integração na equipa e Enfermagem foi extremamente acolhedora.
 

Qual a representação social da ESEL que percecionaste quando integraste a atividade profissional?

A ESEL tem por base um corpo docente fortemente motivado para o nosso sucesso, em que o Rigor, a Exigência e a Dedicação são valores fortemente incutidos a todos os seus estudantes e estas característica são fortemente valorizadas, tanto no mercado de trabalho nacional como internacional.

Que visão tinhas do que era ser Enfermeiro quando começaste a estudar Enfermagem e qual a que tens agora como profissional no ativo?

Atualmente, exerço Enfermagem na minha área de eleição, numa Unidade de Psicogeriatria na qual alio a saúde mental ao processo de envelhecimento. 
Enquanto estudante sempre considerei como fundamentos da Enfermagem: a Ciência, a Técnica, a Relação e a Arte. Agora como Enfermeira acrescento também a Responsabilidade Social por ser uma representante de uma profissão que é, muitas vezes, desvalorizada.


Agora que és Enfermeiro/a qual é o teu maior propósito?

Para o meu futuro, pretendo continuar a investir na minha formação e como profissional desejo que a minha presença como Enfermeira se mantenha como uma fonte de Confiança nos cuidados que presto.

Uma mensagem que gostasses de deixar aos estudantes da ESEL

Durante o teu percurso académico podes ter dúvidas. Nesses momentos, partilha com familiares, amigos ou colegas, o que sentes. Não tenhas receio de pedir ajuda porque não estarás sozinho!

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Rodrigo Alexandre Ramos
Rodrigo Alexandre Ramos

	
Rodrigo Alexandre Ramos Finalista 2005

Rodrigo Alexandre Ramos (finalista 2005, antiga Escola Superior de Enfermagem Calouste Gulbenkian)

Enfermeiro Diretor do Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão, Santa Casa de Misericórdia de Lisboa.
Especialização em Enfermagem de Reabilitação (2011, Escola Superior de Enfermagem S. Francisco das Misericórdias).

“No fundo, a ESECG (atual ESEL) mostrou-me o horizonte e ajudou-me a “preparar a mochila” para a caminhada que tinha pela frente.”

Um livro: O pequeno caminho das grandes perguntas. D. José Tolentino Mendonça.
Um hobby: bricolage.
Um prato: arroz de pato em tabuleiro de barro.
Um acontecimento simples que o faça sorrir: um abraço apertado.
Uma coleção: relógios.
Um momento: o nascimento de um filho.
Uma viagem: Áustria.
Um lugar: Salzburg.
Um lema: Sempre Alerta para Servir.
A família: inspiração e refúgio.
A ESEL: centro de referências e de amizades para a Vida.

Qual a razão para se ter matriculado na ESEL em particular? 

Escolhi a então Escola Superior de Enfermagem Calouste Gulbenkian de Lisboa pela sua história e pelo prestígio que tinha na formação de enfermeiros. Foi-me recomendada por uma grande amiga, também profissional de saúde, com quem me aconselhei antes de fazer a candidatura ao Ensino Superior. 

Na altura da candidatura ao Ensino Superior, o que o levou a escolher o curso de Enfermagem? 
Penso que o curso de Enfermagem foi uma escolha natural, pois via com algum fascínio o modo como alguns enfermeiros próximos da minha família falavam sobre a sua experiência e como me identificava com o facto de poder ajudar outras pessoas de uma forma tão próxima e em contextos tão diversos.

Que memórias lhe ocorrem quando recorda a sua vivência na Escola?
Guardo inúmeras memórias… memórias que atravessaram os anos de forma quase intacta: recordo a primeira noite na Residência de Estudantes da Escola, em que a partilha de quarto com dois colegas de curso se transformou numa “Irmandade” para a vida. Recordo as aulas com a saudosa Professora Arlete que nos ajudou a “entrar no Ensino Superior”, a aproximarmo-nos de nós próprios, das nossas emoções e das daqueles com quem interagimos.
Recordo as aulas no Anfiteatro, os trabalhos de grupo, as aulas práticas em laboratório, cada um dos Ensinos Clínicos e, acima de tudo, tantas experiências positivas que me ajudaram a crescer enquanto pessoa e a reforçar a confiança no percurso de vida escolhido. 

Como foi o início da sua prática? Em que contexto ocorreu?

Guardo o início da minha prática profissional como mais uma etapa muito enriquecedora e positiva. Iniciei funções na Unidade de Saúde do Castelo (S. Jorge), uma unidade de cuidados de saúde primários pertencente à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, onde tive oportunidade de crescer enquanto enfermeiro e de reconhecer as minhas competências e limites pessoais e profissionais. Considero que não poderia ter encontrado um contexto mais favorável para uma transição da vida académica para a vida profissional… isto, sob diversos ângulos: Chefia, Equipa de trabalho, Contextos de cuidados (cuidados no domicílio e responsabilidade pelos cuidados de saúde numa Estrutura Residencial para Pessoas Idosas da Instituição) e, mais importante, as Pessoas de quem cuidei, o que me permitiu conhecer as virtuosidades do Processo de Enfermagem e reforçar a segurança nas minhas intervenções. 

Foi fácil encontrar trabalho nesse ano? Recorda-se quanto tempo aguardou para que surgisse a primeira oportunidade profissional?
Posso dizer que em 2005 foi muito simples encontrar emprego, especialmente nos grandes centros urbanos. Exemplo disso foi a minha candidatura à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa que, fruto da escassez de enfermeiros no sistema de saúde, se dispôs a aguardar de julho (entrevista profissional de seleção) a outubro para, então, fecharmos o contrato de trabalho.

Qual foi a mudança mais significativa para a evolução do seu percurso profissional?
A formação foi, sem dúvida, um fator decisivo para a evolução do meu percurso profissional. Houve sempre uma relação estreita entre os novos desafios profissionais que me foram sendo propostos e o investimento/necessidade de formação contínua. Se tivesse que identificar a mudança mais significativa, diria que foi a da nomeação para as atuais funções de Enfermeiro Diretor no Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão.
 

Em que medida a ESEL o preparou para o seu percurso profissional? O que diria que aprendeu de mais precioso na escola com utilidade para a sua prática profissional?

A ESEL ofereceu-me uma preparação muito abrangente, com inúmeras oportunidades de prática clínica e de visitas aos mais variados contextos de trabalho dos enfermeiros. No fundo, a ESEL mostrou-me o horizonte e ajudou-me a “preparar a mochila” para a caminhada que tinha pela frente. O que aprendi de mais precioso foi a importância do respeito pelo outro, independentemente da pessoa, do modo, do lugar ou do tempo. Penso que esta aprendizagem sintetiza bem as experiências com que cresci na ESEL.

Seguiu, após o término do curso, alguma formação avançada ou de outra natureza?
Após a licenciatura, conclui uma pós-graduação em Saúde e Envelhecimento, uma Especialização em Enfermagem de Reabilitação e estou a frequentar um Mestrado em Gestão da Saúde.

Poderia descrever-nos que funções desempenha atualmente?
Atualmente desempenho as funções de Vogal do Conselho Diretivo do Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão - Enfermeiro Diretor. As minhas funções estão eminentemente ligadas à administração do Centro, designadamente, na definição de estratégias, políticas, planos e normas de natureza técnica e na gestão de recursos humanos, materiais e financeiros nas áreas sob a minha dependência. 
 

Quais são as suas maiores ambições, por onde gostaria que passasse o seu percurso?

Mantenho vários desejos na lista de objetivos para o meu percurso profissional. Gostaria, por exemplo, de ter uma experiência num Conselho de Administração de um Hospital ou Unidade Local de Saúde do SNS, nos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde ou mesmo na Direção Geral da Saúde, pelo desafio e pela mudança de foco que qualquer um destes contextos impõe.

É o Enfermeiro que se imaginou ou ainda falta algo para estar mais próximo do Enfermeiro que deseja ser?
Sou o Enfermeiro que imaginei ser e não sinto que me falte nada para o atingir. As oportunidades profissionais que tive até agora preencheram-me sempre e fazem-me sentir realizado e feliz.

Tem mantido alguma forma de contacto com a ESEL? 

Tenho mantido o contacto, essencialmente através de docentes e de antigos colegas e o que mais acompanho na ESEL é a oferta formativa pós-graduada.

Acharia útil o estabelecimento de uma rede Alumni da ESEL? Para que poderia ser útil na sua prática enquanto Enfermeiro?
Parece-me muito útil o estabelecimento desta rede, na medida em que permite maximizar a identidade e a cultura da ESEL entre alunos e ex-alunos e uma maior aproximação de percursos e de contextos de exercício, o que sem dúvida contribui para dar visibilidade e dimensão ao trabalho desenvolvido ao longo das décadas.
 


Ana Maria Valinho
Ana Maria Valinho

Ana Maria Valinho Finalista 2009

Ana Maria Valinho (finalista 2009 na antiga ESECGL)

Enfermeira em missões humanitárias 
Volunteer Nurse (ONG Foundation Human Nature)
Nursing Activity Manager (Nigéria, MSF)
Enfermeira nas Brigadas de Intervenção Rápida em surtos de COVID-19 (Cruz Vermelha Portuguesa)

“Tornar-me Emergency Nurse Practitioner, fazer mais missões humanitárias, eventualmente trabalhar para a OMS lutando pelo acesso à saúde como direito humano”.

Pós-graduação em Enfermagem Tropical (Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, UK)
Cursos na área de enfermagem de urgência, sustentabilidade ambiental em saúde, intervenção em catástrofe e ajuda humanitária.

Um livro: The Spirit Level: Why Equality is Better for Everyone
Um hobby: falar com estranhos
Um prato: Ramen vegan
Um acontecimento simples que a faça sorrir: inalar a primeira brisa quente de Verão
Uma coleção: bilhetes de eventos
Um momento: a chegada à Praça do Comércio, após Londres-Lisboa de bicicleta
Uma viagem: 9 meses por toda a América do Sul
Um lugar: Wellington, Nova Zelandia
Um lema: Cuida dos outros como gostarias que cuidassem de ti
A família: onde sempre regresso
A ESEL: onde ouvi os preletores numa conferencia que organizámos (AE) sobre ajuda humanitária

Na altura da candidatura ao Ensino Superior, o que a levou a escolher o curso de Enfermagem? 

Já pelos meus 16 anos estava determinada a ser profissional de saúde. O lado prático e de interação direta com o outro, no sentido de ajudar em alguns dos momentos de maior vulnerabilidade, atraía-me imenso. Acredito ter havido influência dos valores transmitidos ao longo da minha educação, do testemunho de adultos dedicados à sua profissão em saúde (incluindo a minha mãe, fisioterapeuta e osteopata e o meu padrasto, radiologista) e do êxtase ao observar o quão longe certas pessoas iam ao ajudar o próximo, no contexto de ajuda humanitária. Já acreditava que a saúde é um direito humano, do qual muitos não beneficiam. Era, e é, essa a minha luta. Quis então intervir nesse sentido, o que me levou a tornar-me bombeira voluntária e então a decisão por Enfermagem consolidou-se. 

E qual a razão para se ter matriculado na ESEL em particular? 

Puramente por ser a escola pública mais perto de casa e para a qual tive média. Só uma escola pública seria suportada financeiramente. É claro que fiquei orgulhosa de ter conseguido a escola com média mais alta na altura, a Gulbenkian (Escola Superior de Enfermagem Calouste Gulbenkian, Lisboa).

Que memórias lhe ocorrem quando recorda sua vivência na Escola?
Durante a licenciatura fui bombeira voluntária nos Bombeiros Voluntários de Mem Martins, em Sintra, e até hoje continuo sem compreender bem como conjuguei os meus dias. Noites de incêndios, emergências pré-hospitalares (incluindo acidentes rodoviários) e dias de estudo, estágio, AE, etc. 
Destaco da vivência da ESEL: o dia-a-dia de colaboração com os colegas, professores funcionários e amigos. A dedicação aos trabalhos de grupo, ao estudo e estágios, estes últimos em processos sôfregos nem sempre saudáveis. O trabalho de equipa na concretização de projetos ditos extracurriculares, em prol da comunidade de estudantes, através da AE onde estive durante os 4 anos. As reuniões, ora sérias, ora cheias de humor. Cantar com o André Maravilha no anfiteatro entre aulas. A defesa da monografia com o grande João Oliveira, e os precedentes debates com a Professora Cândida. Ir de caloira, que até fez uma música para ser usada na Praxe, para a posição de redigir e ler o discurso no final de curso do 6º CLE. As aulas da Professora Noélia... e tanto mais.

Como foi o início da sua prática? Em que contexto ocorreu? 

Apesar de um estágio final no Serviço de Urgência do Hospital São José, que foi relativamente traumático para mim, eu queria urgências. E não queria o Sistema Nacional de Saúde. Enviei logo o Diploma para o UK e dei início ao processo de registo na Nursing and Midwifery Council (NMC, a OE britânica). 2009 foi o ano da Gripe A e a Saude24 estava a recrutar muitos recém-licenciados para o SiGripe, uma sub-equipa focada na triagem por telefone de pessoas com possível infeção – lancei-me, e foi ótimo, mas repetitivo e sem interação real. Levou 6 meses a conseguir o registo na NMC. Durante esse tempo tive também entrevistas no Porto por parte de empresas de recrutamento do UK, fui aceite e assim emigrei. Apesar de querer Londres, a posição foi no grande hospital regional de Norfolk. Ousar iniciar-me numa cidade que não queria propriamente, revelou-se muito construtivo. Em grande parte, devido ao contexto clínico: fiz 2 anos numa unidade de medicina aguda.

Mais detalhes neste testemunho: http://www.forumenfermagem.org/comunicacao/reportagens/pessoas-e-locais/item/3582-emigrar-para-o-reino-unido#.YJRFFC3L3pD

Qual foi a mudança mais significativa para a evolução do seu percurso profissional? 
Destaco dois momentos: a continuação de formação específica em enfermagem tropical e a emigração para a Nova Zelândia, onde vim a encontrar o melhor Serviço de Urgência onde já trabalhei. 

Em que medida a ESEL a preparou para o seu percurso profissional? O que diria que aprendeu de mais precioso na escola com utilidade para a sua prática profissional?
O domínio de técnicas, a perceção de um utente enquanto pessoa, a habilidade de preservar independência, a escolha sistemática pela prevenção vs. tratamento onde possível, a sensibilidade mais fina no trato aquando do cuidar de alguém, a capacidade de contra-argumentar em contexto clínico, o falar em público e ter autoconfiança de dar visibilidade ao trabalho feito e às problemáticas que requerem atenção. 

Seguiu, após o término do curso, alguma formação avançada ou de outra natureza? 

Pós-graduação em Enfermagem Tropical (The London School of Hygiene & Tropical Medicine, UK). Várias palestras e conferências para a minha posição enquanto (Environmental) Sustainability Advisor.

Poderia descrever-nos que funções desempenha atualmente? 
Atualmente tenho um dos cargos mais complexos que já tive, o de cuidar de um membro da família! Uma experiência deveras especial. Expandindo sobre a posição anterior mais marcante, enquanto enfermeira-chefe pelos Médicos Sem Fronteiras, na Nigéria. Trabalhei num hospital-campanha num campo de 120 000 refugiados no nordeste do país, um deserto, numa das zonas mais afetadas pela crise no Lago Chad (https://www.msf.org/lake-chad-crisis-depth), sob as mais diversas restrições dado o frágil nível de segurança. Geri uma equipa de enfermeiros, Nursing Aids e Sterilizers, dei formação incluindo bedside, prestei cuidados diretos (urgência, médico-cirúrgica, intensivos, outreach e algum apoio nas urgências da maternidade), fiz implementação de protocolos, gestão de stock, gestão e arquivo de clinical records, determinava juntamente com o médico -chefe a transferência de utentes para outras estruturas de saúde, e por ex. se levaria concentrador de O2 ou não (nem sempre tínhamos suficientes), etc.

A que projetos está associada neste momento? 
Informalmente, investigação em sustentabilidade em saúde, com vista a participar no International Council of Nurses (ICN) 2021. Como voluntária, uma parceria entre duas ONGs focada em empoderar jovens mulheres quanto à sua menstruação em zonas em desenvolvimento. 

Quais são as suas maiores ambições, por onde gostaria que passasse o seu percurso? 

Tornar-me Emergency Nurse Practitioner, fazer mais missões humanitárias, eventualmente trabalhar para a OMS lutando pelo acesso à saúde como direito humano. 

É a Enfermeira que se imaginou ou ainda falta algo para estar mais próximo da Enfermeira que deseja ser? 
Levo a sério o que a enfermeira que me orientou em Erasmus na Suécia me disse: Never stop growing.

Tem mantido alguma forma de contacto com a ESEL (através de parcerias, contactos com antigos colegas, página online)? 
Apenas com alguns amigos, ex-estudantes.

Acharia útil o estabelecimento de uma rede alumni da ESEL? Para que poderia ser útil na sua prática enquanto Enfermeira? 
Sim. Para a difusão de conhecimentos em enfermagem, e para cultivar amizades.


Inês Parro Sousa
Inês Parro Sousa
Inês Parro Sousa Finalista 2009

Inês Parro Sousa (finalista 2009 na antiga ESECGL)

Enfermeira de Diabetes e Risco Cardiovascular no International Health Centre Den Haag e Huisartsenpraktijk e em Westbroekerplas (Países Baixos)

Pós-graduação em Doente Critico (2013, Lisboa)
Diabetes Educator Certificate (2015 Toronto, Canadá)

“Desenvolvi a minha paixão por Diabetes na minha função de enfermeira no Hospital D. Estefânia. Mas só conclui que era o que queria fazer em Londres. Onde vi que existia a função de Enfermeira de Diabetes em módulos completamente distintos do que eu tinha conhecimento de Portugal.”

 

Um livro: “Diabetes Unlocked”.
Um hobby: jardinagem/Do it yourself.
Um prato: sobremesa? Baba de camelo.
Um acontecimento simples que o/a faça sorrir: ir de bicicleta pelo campo, com o meu filho no banquinho à minha frente, a cantarmos ou simplesmente a ouvir a Natureza.
Uma coleção: Legos.
Um momento: todas as chegadas a Lisboa.
Uma viagem: lua de mel...road trip pelos Estados Unidos da América.
Um lugar: casa.
Um lema: “Tudo acontece por uma razão”.
A família: o meu porto seguro.
A ESEL: onde cresci muito. 

Na altura da candidatura ao Ensino Superior, o que a levou a escolher o curso de Enfermagem? 

Antes de enfermagem estive matriculada um ano em Biologia Celular e Molecular (BCM). Não sei bem o porquê desta decisão, talvez porque tinha alguma ligação à área da Saúde - que sempre foi uma paixão minha e por talvez ser uma área que na altura estava muito em voga, já que os Crime Scene Investigation (CSI), etc., estavam com muita popularidade na TV. 
Durante este primeiro ano, apesar de ter feito boas amizades e ter tido uma ótima experiência, sentia-me deslocada. Quando imaginava o que seria o meu futuro - enfiada num laboratório, pouca comunicação e poucas pessoas - sentia-me ainda mais deslocada/desmotivada. Acrescentando ao facto que os inúmeros testes psicotécnicos que tinha feito antes da entrada no Ensino Superior, apontavam sempre para “interação com o outro” e Saúde, e ter tido a minha pior nota de sempre a uma disciplina (Química Orgânica). Decidi então que tinha de sair de BCM que tinha que ir a procura de algo mais ligado a pessoas e a Saúde.
Uma grande amiga minha estava, na altura, no primeiro ano de Enfermagem, noutra escola de Lisboa e contava-me como era o curso, as disciplinas e os estágios. Decidi então inscrever-me como voluntária no Hospital de Santa Maria para tentar perceber mais sobre o que é ser enfermeira. Contactei com vários profissionais e houve uma enfermeira no serviço de Neurologia que me marcou bastante. Não sei o nome dela nem a facies, mas lembro-me da determinação, na segurança de conhecimento e na paixão que tinha pela sua profissão. E foi ali, à saída do meu turno (e último) que senti aquele frio na barriga e alegria de saber exatamente o que queria fazer.

E qual a razão para se ter matriculado na ESEL em particular? 

Em 2005 ainda não existia ESEL. Tinha entrado por transferência interna na Gulbenkian e por Concurso ao Ensino superior na Francisco Gentil. A Gulbenkian era a escola com maior reconhecimento e por ser mais pequena achei que o sentimento de família seria maior.
 

  • Que memórias lhe ocorrem quando recorda sua vivência na Escola?
  • Segundo ano, Estágios, Amigos e Professores.
  • Foram 4 anos muito intensos, a todos os níveis. O segundo ano foi para mim o mais difícil, devido às cadeiras e aos estágios que tínhamos que fazer. Foi mesmo muito exigente e difícil para mim. À parte deste ano mais challenging, não posso esquecer os estágios que me marcaram muito tais como: Estágio em Samora Correia em que eu e o meu grupo fomos os pioneiros daquele campo de estágio, Estágio no Bairro da Cova da Moura, Estágio nas Urgências do Hospital de Santa Maria e quando fiz Erasmus na Polónia.
  • Foi na Faculdade que fiz grande amigos - amigos para a vida - e o ambiente da Faculdade foi sempre espetacular. 

Como foi o início da sua prática? Em que contexto ocorreu?

Esta história é bastante engraçada porque eu no dia em que recebi o meu diploma/ registo da ordem, comecei a trabalhar nos Médicos do Mundo. Com esta ONG, fazia consultas de prevenção à população dos locais mais desfavorecidos de Lisboa, apoio a mulheres e jovens que viviam da prostituição e programa de troca de seringas a toxicodependentes. Foi uma experiência muito enriquecedora, um choque com uma realidade que parece praticamente invisível mas que está mesmo à frente dos nossos olhos - nós não queremos é ver.

Foi fácil encontrar trabalho nesse ano? Recorda-se quanto tempo aguardou para que surgisse a primeira oportunidade profissional?

Quando acabei o curso, já estava a iniciar-se a onda de que as vagas de trabalho eram escassas fazendo com que eu aceitasse logo a oportunidade nos Médicos do Mundo. Passado pouco tempo fui chamada para o Hospital D Estefânia.
 

Qual foi a mudança mais significativa para a evolução do seu percurso profissional?

Ter saído de Portugal 4 anos após exercer aí e ter ido para Londres, no Reino Unido.
 

Em que medida a ESEL a preparou para o seu percurso profissional? O que diria que aprendeu de mais precioso na escola com utilidade para a sua prática profissional?

Ao longo dos anos escolares começamos a ter perceção das áreas que mais nos interessam, muitas vezes influenciados pelos excelentes professores que nos davam as aulas com muita paixão e conhecimento. Cativaram-nos a sermos sempre melhores e mais capazes e continuarmos sempre na busca de mais e mais conhecimento.

Seguiu, após o término do curso, alguma formação avançada ou de outra natureza?

Desenvolvi a minha paixão por Diabetes na minha função de enfermeira no Hospital D. Estefânia. Mas só conclui que era o que queria fazer em Londres. Onde vi que existia a função de Enfermeira de Diabetes em módulos completamente distintos do que eu tinha conhecimento de Portugal. A partir daí liguei-me sempre a funções ligadas a Diabetes em todos os serviços onde trabalhei, até que fiz o curso no Canadá, que me deu acesso ao meu primeiro trabalho como enfermeira de Diabetes.


Poderia descrever-nos que funções desempenha atualmente?

Sou enfermeira em 2 Centros de Saúde, onde dou consultas, de forma independente, a clientes com Diabetes e com Risco Cardiovascular.
 

A que projetos está associado neste momento?

Tenho a minha própria página de Instagram (@Daybetes) direcionada para pessoas que tenham Diabetes tipo II e queiram melhorar o seu controlo de glicémias e até mesmo entrar em remissão da Diabetes.
 

Quais são as suas maiores ambições, por onde gostaria que passasse o seu percurso?

Gostaria de poder mostrar o meu conhecimento e os ótimos resultados que obtenho na melhoria do controlo de Diabetes dos meus clientes num congresso de Endocrinologia/Diabetes.
 

É a Enfermeira que se imaginou ou ainda falta algo para estar mais próximo da Enfermeira que deseja ser?

Sou eterna insatisfeita e isso faz-me estar sempre à procura, a estudar.... de forma a ajudar mais e melhor os meus clientes e ser mais e melhor profissional.


Acharia útil o estabelecimento de uma rede alumni da ESEL? Para que poderia ser útil na sua prática enquanto Enfermeira?

Penso que seria uma ótima ideia e desde já, estou disponível para ajudar. No meu caso, trabalhei no Reino Unido quase 5 anos e agora trabalho nos Países Baixos. Muita experiência para partilhar e também guiar futuros colegas que desejem trabalhar em algum destes dois países. 

 

Contactos:
Instagram (@Daybetes)
 


Luís Filipe Teixeira
Luís Filipe Teixeira
Luís Filipe Teixeira Finalista 2006

 

Luís Filipe Teixeira (finalista 2006, antiga ESEAR)

Prof. de Enf. do Adulto e Coordenador de Curso no College of Nursing, Midwifery and Healthcare, Univ. of West London.
Enf. Sénior em Cuidados Intensivos no Royal Brompton and Harefield NHS Foundation Trust, Adult ICU (London).
Mestrado em Bioética (Fac. de Medicina, na Univ. Lisboa).

Continuar a desenvolver a minha prática clínica e académica, passando pela frequência e conclusão de um doutoramento em enfermagem/bioética, culminando com um eventual regresso à “casa-mãe” – Portugal, Lisboa... a ESEL.


 

Um livro: “Ensaio sobre a cegueira” de José Saramago.
Um hobby: fotografia.
Um prato: qualquer um com comida cozinhada pelo meu pai.
Um acontecimento simples que o faça sorrir: quando uma fragrância despoleta em mim memórias  incríveis que julgava esquecidas.
Uma coleção: livros!
Um momento: a primeira vez que o título de “Sr. Enfermeiro” foi adicionado ao meu nome enquanto subia ao palco do auditório da Artur Ravara no dia da minha formatura para receber o tão ansiado “canudo”.
Uma viagem: aquela(s) que ainda tenho por fazer!
Um lugar: aquele onde estou e (me) pertenço.
Um lema: “Para ser grande, sê inteiro; nada teu exagera ou exclui...”
A família: sempre e para sempre, à sua maneira muito própria.
A ESEL: o início de tudo; o passado... e talvez um futuro.

Na altura da candidatura ao Ensino Superior, o que o levou a escolher o curso de Enfermagem?

Três grandes motivos, tanto quanto me recordo: a (até então) taxa de empregabilidade após conclusão do curso; a variedade de oportunidades de progressão na carreira (que acabou por ser uma mera ilusão a partir de então) e o caráter altruísta da missão da profissão, focada no cuidar do/pelo Outro com uma forte componente científica, mas também humanista.
 

E qual a razão para se ter matriculado na Escola Artur Ravara em particular?

Pela sua História, tradição e valores em tempos de aposta pela sua modernização – com a recente mudança para um novo edifício numa área de Lisboa que tanto me fascinava e pelo projeto anunciado de fusão com as outras três escolas públicas de enfermagem da capital.

Que memórias lhe ocorrem quando recorda a sua vivência na Escola?
    Memórias, essas, são ainda hoje incontáveis. No fundo, acredito que somos feitos de memórias, e a Artur Ravara/ESEL é definitivamente (e eternamente) parte de mim.
  •  
  • O ambiente familiar quando comparado com grandes faculdades da capital; o sentir-me em casa... As aulas com professores que me inspiraram a também um dia enveredar pela carreira académica... Os intervalos na Biblioteca (e também no tão querido “Bar da D. Lina e do Sr. João”)... Os trabalhos de grupo que acabaram por promover não só a aprendizagem com o Outro mas também a criação de laços que ainda hoje perduram... Os/as colegas que se transformaram em amigos/as para a Vida...

Foi fácil encontrar trabalho nesse ano? Recorda-se quanto tempo aguardou para que surgisse a primeira oportunidade profissional?

Bastante fácil, diria, considerando o quão difícil se tornou nos anos seguintes para os meus colegas. O desafio foi mesmo escolher o local na altura; as ofertas surgiram ainda eu não tinha concluído o curso.

Qual foi a mudança mais significativa para a evolução do seu percurso profissional?

Até à data, sem dúvida que foi a minha mudança para Londres e o associado choque/confronto com: a imensa diversidade cultural e de práticas profissionais, o reconhecimento e desenvolvimento de competências e a valoração social da carreira e da profissão.

 

Em que medida a Escola Artur Ravara o preparou para o seu percurso profissional? O que diria que aprendeu de mais precioso na escola com utilidade para a sua prática profissional?

Essencialmente, o brio que sempre nos incutiu no saber-saber / saber-fazer / saber-estar / saber-Ser; a exigência académica, o sentido de profissionalismo e de responsabilidade ética. 

Seguiu, após o término do curso, alguma formação avançada ou de outra natureza?

Sim, indubitavelmente (e inevitavelmente). Prossegui com os meus estudos através da conclusão dos seguintes cursos, entre outros de formação mais curta e essenciais para a prática segura e desenvolvimento pessoal/profissional:
- Mestrado em bioética (Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa);
- Pós-graduação em cuidados intensivos (London South Bank University);
- Pós-graduação em pedagogia do ensino superior (University of West London).

 

Poderia descrever-nos que funções desempenha atualmente?

  • Atualmente, desempenho diversas funções académicas e de gestão numa Universidade em Londres, dentre as quais destaco:
  • Planeamento e dinamização de aulas teóricas e teórico-práticas de diversas unidades curriculares em diferentes cursos pré e pós-graduados associados a enfermagem.
  • Supervisão e avaliação de alunos (nas componentes teórica, teórico-prática e de ensino clínico dos diversos cursos associados a enfermagem).
  • Coordenação de unidades curriculares e de cursos associados a enfermagem.
  • Pontualmente, e de forma a manter contato com a praxis, exerço funções de enfermeiro sénior numa unidade de cuidados intensivos cardiotorácica / centro especialista de ECMO de um hospital de renome (inter)nacional.

Quais são as suas maiores ambições, por onde gostaria que passasse o seu percurso?

Continuar a desenvolver a minha prática clínica e académica, passando pela frequência e conclusão de um doutoramento em enfermagem/bioética, culminando com um eventual regresso à “casa-mãe” – Portugal, Lisboa... a ESEL.

Acharia útil o estabelecimento de uma rede Alumni da ESEL? Para que poderia ser útil na sua prática enquanto Enfermeiro?

Sem dúvida alguma! Em tempos globais como aqueles (em) que vivemos hoje, acredito que este tipo de iniciativas possa ajudar não só a encurtar distâncias entre Nós bem como a promover a troca de saberes/experiências/vivências tão essenciais ao desenvolvimento da enfermagem e do/a enfermeiro/a.

 


Ana Marta Martinho
Ana Marta Martinho
Ana Marta Martinho Finalista 2009

Ana Marta Martinho (finalista 2009, ESEL)

Enfermeira da Equipa Intra-Hospitalar de Suporte em Cuidados Paliativos, do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central.
Pós-Graduação em Cuidados Paliativos.
Mestrado em Enfermagem, Área Médico-Cirúrgica, Vertente  Enfermagem à Pessoa Idosa, na ESEL.

”Temos que ter em consideração que com o decorrer do tempo nós vamos mudando como indivíduos, passando a ter outras necessidades e surgem inesperadamente outros caminhos que nos fazem sentido.”

 

Um livro: (Muito difícil nomear só um, mas um que marcou o meu crescimento enquanto enfermeira):  As Terças com Morrie
Um hobby: Ler
Um prato: Peixe grelhado na brasa com salada de pimentos
Um acontecimento simples que me faz sorrir: Um riso espontâneo de outra pessoa
Uma coleção: Muita música sempre
Um momento: A conclusão do mestrado
Uma viagem: Tailândia
Um lugar: Praia
Um lema: “Happiness is homemade”
A família: O meu pilar
A ESEL (um momento): A escola que me tornou enfermeira

Na altura da candidatura ao Ensino Superior, o que a levou a escolher o curso de Enfermagem? 

Sempre me interessei pela área da saúde, sendo que Enfermagem era um dos cursos mais abrangentes no âmbito da saúde, com uma importante componente prática que permitia que saíssemos do curso preparados imediatamente para o exercício profissional nos mais diversos contextos. Também foi importante ser um curso com grande empregabilidade.
 

E qual a razão para se ter matriculado na ESEL em particular? 

Matriculei-me na Escola Superior de Enfermagem Calouste Gulbenkian de Lisboa, conhecida pelo excelente ensino e inovadora nos métodos com disciplinas de opção “fora da caixa” como Medicinas Complementares, Dinâmicas de Relação de Ajuda, entre outras. No decorrer da minha licenciatura deu-se a fusão com as outras 3 escolas públicas de Lisboa, permitindo a integração de outros métodos e filosofias e ampliação do espaço escolar, com a consequente afirmação no meio universitário. Voltei a escolher a ESEL para a concretização do mestrado e especialização pelo seu reconhecimento e qualidade na formação. 

Que memórias lhe ocorrem quando recorda sua vivência na Escola?

Recordo com muito carinho todo o percurso escolar. Primeiramente tenho que realçar o excelente ambiente académico (ver fotografia na galeria flashback https://www.esel.pt/node/7055)., desde a integração na escola com o apoio dos alunos mais antigos, à típica vida académica – festas universitárias, encontros da associação estudantil, ao célebre ENEE - mas também relembro o espírito de interajuda sempre presente entre os colegas durante os estágios. No plano pedagógico surpreendeu-me a disponibilidade dos professores que tinham sempre a porta aberta dos gabinetes para nos receberem, tirarem duvidas e orientarem-nos nos momentos mais desafiantes, algo raro na generalidade do ensino superior. Havia ainda em toda a escola um ambiente acolhedor em que conseguiamos conhecer todo o pessoal não docente da escola, desde as bibliotecárias sempre prestáveis, ao pessoal da secretaria e ao pessoal da residência e refeitório. Por último tive a honra de pertencer ao Teatro Andamento, grupo de teatro da escola (que infelizmente já não existe atualmente), onde gratuitamente (através do financiamento da associação de estudantes) pudemos ter aulas de representação, movimento e voz com professores externos, desde encenadores a atores. Era um grupo aberto composto por alunos do 4º ano ao 1º ano da licenciatura e fizemos grandes amizades (ver fotografia na galeria flashback https://www.esel.pt/node/7055). Muitos de nós acabaram o curso e já trabalhavam e continuaram a ir às aulas de Teatro para passarmos o testemunho aos mais novos e não deixarmos morrer o projeto. Vivemos grandes momentos desde as apresentações anuais, ao curso com a AMARA (Associação pela Dignidade na Vida e na Morte) e à participação no FATAL (Festival Anual do Teatro Académico de Lisboa) onde interagíamos com colegas de outras universidades. 

Como foi o início da sua prática? Em que contexto ocorreu?

Iniciei a minha prática profissional no serviço de Medicina Interna 2.3.1 do Hospital Santo António dos Capuchos. Trabalhei lá durante 10 anos, tendo sido uma “grande escola” para muitos que passaram por ali. Na altura recebíamos muitas pessoas com patologias diversificadas não só do foro da medicina interna (AVC, EAM, Infeções respiratórias) mas também pessoas com doenças do foro da Infecciologia (HIV, patologias auto-imunes, Hemato-Oncologia), o que exponenciava as nossas aprendizagens. Era um serviço singular que se pautava pelo espírito multidisciplinar em que médicos e enfermeiros dividiam a mesma sala de trabalho e discutiam abertamente as suas visões. A equipa de enfermagem era bastante inovadora, procurando sempre prestar os melhores cuidados à pessoa doente e família, discutindo dilemas éticos e planos de tratamento nas passagens de turno e uma assistência individual e personalizada à pessoa, permitindo por exemplo as visitas alargadas e permanência dos familiares nos doentes em fase terminal quando na altura isso não era uma realidade nos serviços de saúde. Além disso a equipa de enfermagem recebia ainda sempre muitos alunos, contribuindo para a renovação de conhecimentos.


Foi fácil encontrar trabalho nesse ano? Recorda-se quanto tempo aguardou para que surgisse a primeira oportunidade profissional?

Nesse ano começou a existir alguma dificuldade em encontrar trabalho em Portugal, contudo foi o ano em que surgiu a pandemia de H1N1 (Gripe das Aves) pelo que a maioria dos colegas conseguiram empregar-se ao abrigo dos contratos de contingência, tendo depois permanecido nos serviços. Eu acabei o curso em Julho e iniciei a minha vida profissional em Setembro, como muitos dos meus colegas.  Foi no ano seguinte e posteriores que começámos a receber muitas propostas internacionais, tendo alguns colegas escolhido emigrar pelas condições mais vantajosas que ofereciam.
 

Qual foi a mudança mais significativa para a evolução do seu percurso profissional?

A mudança mais significativa foi ter realizado o Mestrado/Especialização pois permitiu-me estagiar em dois contextos distintos de Cuidados Paliativos, adquirindo experiência e conhecimentos que contribuíram indubitavelmente para trabalhar agora nesta área que gosto tanto. 


Em que medida a ESEL a preparou para o seu percurso profissional? O que diria que aprendeu de mais precioso na escola com utilidade para a sua prática profissional?

O curso de Licenciatura que frequentei apresentava uma grande componente teórica que era intercalada com a componente prática (estágios) o que facilitava a integração dos conhecimentos. Havia ainda uma preocupação em que os locais de estágio fossem variados e abrangentes. Além disso foi sempre incutido por parte dos professores que mantivéssemos o sentido crítico em tudo o que fazemos, a reflexão das nossas práticas e a importância da formação contínua. No mestrado destaco a importância do enfermeiro ter uma voz ativa nas organizações e instituições de saúde.


Seguiu, após o término do curso, alguma formação avançada ou de outra natureza?

Sim, realizei em 2012 a Pós-Graduação em Cuidados Paliativos e em 2017/20 realizei o Curso de Mestrado e Pós-Licenciatura de Especialização em Enfermagem Médico-Cirúrgica na ESEL.

Poderia descrever-nos que funções desempenha atualmente?

Neste momento trabalho numa equipa multidisciplinar, composta por médicos, enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais, que presta cuidados especializados aos utentes/famílias na área de cuidados paliativos, ou seja, pessoas em situação de doença incurável ou grave, em fase avançada, progressiva e terminal. Temos como propósito, aliviar o seu sofrimento, dor ou outros sintomas geradores de sofrimento visando maximizar o seu bem-estar, conforto e qualidade de vida e proporcionando suporte no processo de adaptação às perdas sucessivas, à morte e no acompanhamento no luto. Este acompanhamento é realizado aos doentes de Cuidados Paliativos internados em serviços do Centro Hospitalar que nos são referenciados (Consultoria Interna), mas também é realizado em ambulatório, através de Consultas Externas e de Atendimento Telefónico aos doentes. Realizamos ainda a referenciação para a RNCCI (Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados) dos utentes que reúnam critérios para internamento em UCP (Unidade de Cuidados Paliativos) - RNCCI e articulamos com as Equipas de Cuidados na Comunidade visando a continuidade de cuidados. Colaboramos também na formação pré e pós-graduada em Cuidados Paliativos, através da orientação de alunos em estágios na nossa equipa e em atividades de formação contínua no nosso hospital, com formações direcionadas a vários grupos profissionais.


Quais são as suas maiores ambições, por onde gostaria que passasse o seu percurso?

Não posso dizer que tenha grandes ambições pois acredito que “A vida é o que acontece enquanto se faz planos”. Isto não significa que não se lute pelos nossos objetivos, mas acredito que a felicidade reside também aceitar o que nos vai acontecendo. Já atingi alguns objetivos como a conclusão do mestrado e estar a trabalhar na área que pretendia. Temos que ter em consideração que com o decorrer do tempo nós vamos mudando como indivíduos, passando a ter outras necessidades e surgem inesperadamente outros caminhos que nos fazem sentido. Só para dar um exemplo, quando entrei na licenciatura sonhava em ser Enfermeira Parteira e afinal todo o meu percurso dirigiu-se para trabalhar agora na outra ponta do ciclo de vida – os Cuidados Paliativos.

É a Enfermeira que se imaginou ou ainda falta algo para estar mais próximo da Enfermeira que deseja ser?

Sim, mas penso que podemos sempre ser melhores. O ser humano também se define por nunca estar pleno, assim é nessa busca de sentido e plenitude que crescemos tanto a nível pessoal como a profissional. A formação contínua, o sentido crítico e reflexivo e a experiência que vamos adquirindo também são fundamentais neste processo.


Acharia útil o estabelecimento de uma rede alumni da ESEL? Para que poderia ser útil na sua prática enquanto Enfermeira?

Sim, porque possibilita o acesso a uma rede de contactos de antigos alunos, fomentando a partilha e atualização de conhecimentos e produção científica e cultural através da ligação com a escola.

 


Ana Elisa Coelho
Ana Elisa Coelho
Ana Elisa Coelho Finalista 2006

Ana Elisa Coelho (finalista 2006, antiga ESECG)

Patient Care Specialist Remeo Home na Linde Saúde

Mestrado em Enfermagem, Área de Enf. de Reabilitação, na ESEL.

 

“...sinto que tive muita sorte nos momentos mais críticos da minha formação, por ter tido professores que foram verdadeiros mentores, que me inspiraram e guiaram no desenvolvimento do meu percurso formativo.”

 

Um livro: (exercício cruel!!!) Cem anos de solidão
Um hobby: Ler
Um prato: Pasta
Um acontecimento simples que o/a faça sorrir: Presenciar o acender dos candeeiros de rua
Uma coleção: Livros
Um momento: Uma estrela cadente
Uma viagem: Toscana
Um lugar: Beira-mar
Um lema: “Chega onde tu quiseres, mas goza bem a tua rota”
A família: Raiz de tudo
A ESEL (um momento): A defesa de Mestrado

Na candidatura ao Ensino Superior, o que a levou a escolher o curso de Enfermagem?

Quando comecei a pensar no que gostaria de fazer profissionalmente, a primeira certeza que tive foi que gostaria de trabalhar na área da saúde. A Enfermagem atraiu-me particularmente pela diversidade de contextos em que se pode fazer o seu exercício e por isso decidi tentar. Ao fim de poucos meses de curso senti que estava no sítio certo.

E qual a razão para se ter matriculado na ESEL em particular?

Para a minha formação inicial matriculei-me na Escola Superior de Enfermagem de Calouste Gulbenkian, uma das quatro escolas percursoras da ESEL. Quando procurei formação pós-graduada, a ESEL acabou por ser uma escolha natural, precisamente por representar um regresso a uma cultura de formação com a qual me identifico, e por ser uma instituição de reconhecida qualidade. 
 

Que memórias lhe ocorrem quando recorda a sua vivência na Escola?

Muitas! Foram anos muito intensos. Mas as melhores memórias que guardo prendem-se, sem dúvida, com os laços criados pois, quer na formação inicial, quer no Mestrado, fiz amizades que foram além do contexto académico e profissional. 
Da mesma forma, sinto que tive muita sorte nos momentos mais críticos da minha formação, por ter tido professores que foram verdadeiros mentores, que me inspiraram e guiaram no desenvolvimento do meu percurso formativo.

Como foi o início da sua prática? Em que contexto ocorreu?

Comecei a minha prática profissional num serviço de Medicina Interna, no Hospital Curry Cabral, em Lisboa. Apesar de ter sido a minha primeira escolha e essa decisão ter vindo no seguimento da realização do estágio de integração à vida profissional num serviço similar, foi um grande desafio enquanto recém-licenciada. Sobretudo nos primeiros anos os recursos eram muito escassos, mas foi uma experiência riquíssima e basilar para a minha formação.
 

Foi fácil encontrar trabalho nesse ano? Recorda-se quanto tempo aguardou para que surgisse a primeira oportunidade profissional?

Sim, foi provavelmente o último ano em que se pode dizer que tenha sido fácil. Em pouquíssimas semanas após o final do curso estava a trabalhar e pude escolher, pois estava em vários processos de candidatura e fui chamada para todos.
 

Qual foi a mudança mais significativa para a evolução do seu percurso profissional?

A mudança mais significativa – e a mais inesperada também, no sentido em que não era algo que tivesse alguma vez idealizado – foi a saída do SNS para a empresa onde trabalho actualmente.

Em que medida a ESEL a preparou para o seu percurso profissional? O que diria que aprendeu de mais precioso na escola com utilidade para a sua prática profissional?

Considero que a formação inicial de um enfermeiro é bastante abrangente, precisamente porque, por um lado, a nossa prática exige competências muito diversificadas e, por outro, acontece em contextos simultaneamente muito variados e específicos. Mas o currículo do curso que frequentei era sólido e havia uma grande preocupação com a integração teórico-prática que, no meu entender, foi fundamental e diferenciador.
Penso que, da formação inicial, trouxe a noção da imensidão do que há ainda e sempre para saber, a procura do rigor, o sentido crítico e a valorização do trabalho de equipa.
A formação pós-graduada, (o curso de Geriatria e sobretudo o Mestrado em Reabilitação), surge numa continuidade destas aquisições. Acrescentou-me sobretudo uma visão mais completa da pessoa cuidada e muniu-me de ferramentas para encontrar (ou continuar a procurar) respostas para desafios mais específicos da minha prática.
 

Seguiu, após o termino da formação inicial, alguma formação avançada ou de outra natureza?

Sim. As mais relevantes foram a Pós-Graduação em Geriatria, em 2008, e o Mestrado em Enfermagem de Reabilitação, em 2013/14.
 

Poderia descrever-nos que funções desempenha atualmente?

Actualmente trabalho na área dos Cuidados Respiratórios Domiciliários e presto cuidados sobretudo a doentes insuficientes respiratórios crónicos, que se encontram sob ventilação mecânica (e outras terapias) no contexto domiciliário.
Entre as minhas principais responsabilidades contam-se o acompanhamento e monitorização destes utentes no domicílio, a sua capacitação/da família para o manejo dos diferentes dispositivos médicos, bem como para a identificação e gestão de sinais e sintomas, e a articulação com as equipas hospitalares de referência.

Quais são as suas maiores ambições, por onde gostaria que passasse o seu percurso?

Tenho vindo a construir o meu percurso profissional de acordo com o que me faz sentido a cada ano, em cada momento; nunca tive um plano muito concreto ou uma meta específica que quisesse atingir. E a verdade é que foram surgindo oportunidades que nunca tinha sequer considerado.
Há, contudo, uma dimensão que tem emergido no meu interesse em todas as experiências profissionais que tenho tido, e que diz respeito à importância da literacia em saúde na relação dos cidadãos com os seus processos de saúde/doença. Ainda não decidi exatamente como irei explorar esta temática, mas gostava de me dedicar a ela, como projeto de desenvolvimento profissional futuro.
 

É o Enfermeiro que se imaginou ou ainda falta algo para estar mais próximo do Enfermeiro que deseja ser?

A minha preocupação sempre foi ser, a cada dia, a melhor enfermeira que consigo ser, para cada utente com que me cruzo, em particular. Pode parecer um lugar-comum, mas acredito que há sempre espaço para o crescimento e que, à medida que os anos e as experiências se acumulam, a enfermeira que desejo ser é sempre aquela que sei que serei uns passos mais à frente.
 

Acharia útil o estabelecimento de uma rede alumni da ESEL? Para que poderia ser útil na sua prática enquanto Enfermeiro/a?

Sim, sem dúvida. Pode ser um ponto de contacto importante para profissionais que, de alguma forma, partilham um passado e uma cultura de formação, bem como uma fonte de informação e apoio para novos estudantes, por exemplo. 
Da mesma forma, poderia ser uma rede catalisadora de um maior contacto da comunidade de ex-alunos com a própria instituição, através da promoção de eventos formativos e partilhas de experiências entre profissionais com interesses ou áreas de intervenção comuns, estreitando assim também as relações entre a academia e a práxis.